
An idealist is one who, on noticing that roses smell better than a cabbage, concludes that it will also make better soup. H. L. Mencken.... Roses or cabbages?
Blame no one. Expect nothing. Do something!!!
"No man's life, liberty, or property are safe while the legislature is in session." - Mark TwainI'm a great believer in luck and I find the harder I work, the more I have of it. - Thomas Jefferson
I hear and I forget. I see and I remember. I do and I understand.
Confucius
Sine ira et studio
"My major hobby is teasing people who take themselves & the quality of their knowledge too seriously & those who don’t have the courage to sometimes say: I don’t know...." (You may not be able to change the world but can at least get some entertainment & make a living out of the epistemic arrogance of the human race" Black Swan -Nassim Taleb
"Character is the basis of happiness and happiness the sanction of
character."




Pessoas que participaram da fundação da legenda e que a deixaram faz tempo — alguns rompendo pela esquerda; outras, pela direta; outras ainda ficaram apenas enfaradas — relatam que, também em matéria partidária, o menino é o pai do homem; o PT inicial definiu o PT que aí está. Não há contradição nenhuma. Quem quiser maiores esclarecimentos deve procurar saber por que Cesar Benjamin e Paulo de Tarso Venceslau romperam com o partido. Não tenho a menor intimidade ideológica com eles. Mas o que relatam indica que houve apenas uma mudança de escala. Quando menino, o PT tinha uma amoralidade de menino; adulto, tem uma amoralidade de adulto. "Mas é só ele?", logo pergunta um petista tentando dividir o fardo.
Não! A corrupção nasce junto com a política. Nem por isso tem de ser considerada um dado da paisagem. Tentar transgredir as regras do jogo faz parte do jogo. Mas é preciso punir aquele que for malsucedido, aquele que for pego. E quem escapa? Bem, o que a gente não sabe, os cofres públicos sentem, é claro. Mas, se não o sabemos, não há como punir. O mal maior está no malfeito descoberto que resta impune. A impunidade desmoraliza as instituições e rebaixa o padrão de exigências dos cidadãos, tornando-os mais tolerantes com o intolerável.
Por que o PT é um desastre ético para o Brasil? Estaria ele obrigado a ser mais correto do que os outros? Não tem ele também, como refletiu certa feita uma bruxa disfarçada de pensadora de esquerda — ou seja, uma bruxa disfarçada de bruxa —, o direito de fazer das suas, a exemplo das outras legendas? Pra começo de conversa, ninguém tem o direito de fazer a coisa errada. Ocorre que o PT é a única legenda fundada sob a bandeira da "ética na política" — transformando numa espécie de horizonte utópico o que deve ser apenas um meio, um instrumento, da ação política. Atuar politicamente para tornar o mundo "ético" costuma ser a vocação de ditadores. Quem entendia do riscado já percebia ali uma das sementes do que viria.
Partidos políticos dignos desse nome têm projetos de poder e se obrigam a pensar a sociedade no seu conjunto. Não são curas de aldeia, não são bedéis de colégio, não são catecúmenos. Ser ético não é um de seus objetivos, mas construir uma usina pode ser. Ser ético não é um de seus objetivos, mas erguer escolas pode ser. Ser ético não é um de seus objetivos, mas implementar programas sociais pode ser. A ética atravessa verticalmente todos esses temas. É preciso ser ético construindo usinas, escolas e programas sociais. É preciso ser ético para tomar um sorvete — ou você ainda acaba roubando o sorveteiro.
Quando o PT assumiu como bandeira "a ética na política", ele a seqüestrou. Tomando o lema como horizonte, passou a justificar todas as suas ações em nome daquele devir, daquela utopia. Não demorou, e logo começou o esforço para justificar o que não parecia compatível com a sua pureza. Se alguém se torna o dono da ética, tudo o que ele fizer estará imantado por essa vocação. Se o dono da ética é também seu monopolista, está feito: pode mentir, pode roubar, pode matar. A alegoria perfeita para esse comportamento, não tem jeito, é mesmo A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Assim agiram os porcos depois que fizeram a sua revolução contra os fazendeiros bípedes. Com o tempo, os novos donos do poder perceberam que era preciso celebrar a paz com os Sarneys — e, para tanto, foi preciso até eliminar alguns adversários internos.
O PT ainda está convencido de que é dono da ética e que pode usá-la como escudo. O senador Aloizio Mercadante deu a prova inconteste do que digo. Cheio de indignação, em nome da ética, anunciou seu descontentamento com a ordem de Lula para salvar José Sarney e disse que renunciaria à liderança. Horas depois, subia à tribuna de um Senado quase vazio — dos petistas, restou apenas um para ouvir o seu trololó — e anunciava o dia do "Fico". Começou com "aquilo" roxo e terminou com "aquilo" amarelo… Nos dois casos, Mercadante estava sendo "ético".
Eu não tenho grandes ilusões sobre esse partido ou aquele. O que espero é que se organizem para fazer o que tem de ser feito, empregando os tais meios éticos, uma obrigação. Acontece que há na imprensa, não só na brasileira, e em certos setores bem-pensantes a vocação para a mistificação e a mitificação. Vejo o que se dá agora com Marina Silva.
Os criadores de mitos tentam nos fazer crer que ela rompeu com o PT porque, afinal, já não suportava aquela "ética". É mesmo? Quer dizer que ela suportou bem o caso Waldomiro, o mensalão e o dossiê dos aloprados, mas não resistiu à MP da Amazônia? Podia conviver com a ética que abrigava aquelas práticas e achou que só o suposto desatino do governo na área ambiental é que o tornou impróprio? Posso até achar, como acho, que Marina cria problemas para o PT. Mas não vou aplaudi-la por isso.
Eu não tenho a menor paciência para éticos profissionais. Cedo ou tarde, acabam, a exemplo de Lula, aderindo à Teoria da Bravata.

Meu colega João Luiz Sampaio já celebrou Hildegard Behrens, mas eu não poderia deixar de verter a lágrima para a melhor Salomé que já escutei. Infelizmente, não a encontrei na internet na versão que Karajan regeu da ópera de Richard Strauss, mas apenas na Elektra com James Levine, quando sua voz já não era a mesma. De qualquer forma, Bernard Shaw deve ter tentado sair do túmulo só para escutá-la:


