Monday, July 07, 2008

Eles não abrem mão do seu oprimido by Reinaldo Azevedo |

Certo! Lembrei que os países ricos não podem ser responsabilizados pelas ditaduras africanas; que elas matam o povo de fome muito mais do que qualquer crise de grãos. Grande revolta nas hostes “africanófilas” da elite esquerdista brasileira, a muitos milhares de distância dos conflitos de negros contra negros daquele continente — no Brasil é que uma parte dos negros acha que os inimigos são os brancos... Na África, ninguém dá bola para a cor da pele.

Também há os que estão nervosos porque afirmei que parte da crise de alimentos — se tem mesmo origem no etanol do milho — deve ser debitada na conta dos escatológicos do aquecimento global. Ué... O mundo não iria derreter? Não se prometeu o apocalipse? Então: tentaram evitar a catástrofe. Não adianta negar: o biocombustível mereceu o selo verde, e essa é uma das raízes do desequilíbrio.

Não seria a primeira vez que as escatologias amigas da humanidade, do bem, do belo e do justo provocariam desastres. Isso tem sido mais ou menos uma constante. Jamais se vai admitir, claro, mas grande parte do desastre africano se deve à forma como se deu a independência dos países subsaarianos: guerras de libertação, a maioria hostilizando os descendentes dos colonizadores. Resultado: junto com a independência, vieram as ditaduras, a hostilidade à produção e uma queda brutal na qualidade de vida.

A despeito das dificuldades que enfrenta, da pobreza, qual é o único país com chances reais de alcançar um padrão civilizado num horizonte que podemos alcançar? A África do Sul. O fim do odioso regime do apartheid, por contraste, deixou como herança a democracia que existia para os brancos: e ela se universalizou. O país está longe de ser um paraíso, mas também está longe do inferno dos seus vizinhos. Uganda é outro que vem saindo do atoleiro — o padrão de comparação é sempre o entorno —, e também tem conseguido tal resultado, vejam só, com a adesão, bastante recente, ao regime democrático. Vai durar? Vamos ver.

Mas ok. Conforta a moral militante a idéia de que os africanos são vítimas de europeus e de americanos desalmados? Regozijem-se. Essa gente quer um oprimido pra chamar de seu.

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