Monday, November 17, 2008

The Road Not Taken by Robert Frost



Robert Frost (1874–1963). Mountain Interval. 1920.

1. The Road Not Taken


TWO roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth; 5

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same, 10

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back. 15

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference. 20

Sunday, November 16, 2008

The unknowns


'There are known knowns. There are things we know that we know. There are known unknowns. That is to say, there are things that we now know we don't know. But there are also unknown unknowns. There are things we do not know we don't know.'

The story of the turkey and the butcher




As previously described by Bertrand Russell, a turkey may get used to the idea of being fed but when, the day before Christmas, it is slaughtered, it will incur 'a revision of belief

Quotes of Yogi Berra.




" It ain't over 'til it's over "

"Never answer an anonymous letter"

" I usually take a two hour nap from one to four"

" It's deja vu all over again"


" When you come to a fork in the road....Take it "

" I didn't really say everything I said "

Yogi on the 1969 NY Mets....." overwhelming underdogs "

When asked what time is was......" you mean now?"

" I want to thank you for making this day necessary"
......... Yogi Berra day in St Louis 1947

On why NY lost the 1960 series to Pittsburgh " We made too many wrong mistakes"


" You can observe a lot by watching "

" The future ain't what it used to be "

" It gets late early out here"

" If the world were perfect, it wouldn't be "

" If the people don't want to come out to the ballpark, nobody's going to stop them "

Quem come quem byNELSON MOTTA


Em inglês, francês, espanhol, italiano, alemão ou japonês não existe uma expressão equivalente a “comer”, significando relação sexual.

Só em português, mais especificamente em brasileiro.

Aqui, o macho predador não faz amor ou apenas sexo: devora a sua presa. Mas depois do feminismo as brasileiras modernas também adotaram a expressão para suas conquistas.

Surpresos e intimidados, os homens ouviram a temida e desejada ameaça: vou te comer! Certamente essa expressão tão brasileira está em sintonia com o conceito de “antropofagia cultural”, lançado por Oswald de Andrade em 1928 e retomado no transe de 1968.

Na época, acreditamos fervorosamente que o nosso destino e vocação— desde 1556, quando o bispo Sardinha foi comido pelos caetés — era devorar a cultura colonizadora, digeri-la e transformála em brasileira e revolucionária.

Em 2008, no mundo globalizado e interligado, com as culturas nacionais interagindo e se misturando, com a fusão de linguagens e gêneros, com os samplers, a computação gráfica e todas as maravilhas da era da informação e das comunicações, não há nada mais anacrônico do que a idéia de antropofagia cultural. Porque hoje qualquer cultura nacional come e é comida, querendo ou não: a “antropofagia” é inevitável e óbvia.

Quanto tempo perdido teorizando sobre Villa-Lobos ou Tom Jobim “comendo” Bach, Debussy ou Cole Porter para produzir uma música brasileira internacional.

Ou Niemeyer degustando Le Corbusier para inventar a arquitetura moderna. Ou Nelson Rodrigues pumamando em Dostoiévski para criar uma dramaturgia tijucana e universal.

A pobre cultura nacional, provinciana e colonizada, ou “antropofágica e antiimperialista”, não tem nada com isso: os méritos são exclusivamente do talento individual desses raros criadores nativos.

Poucos acreditaram tanto nessa bobagem de “antropofagia” como eu. Levamos a sério a piada do velho Oswald, por ela aceitamos muita empulhação. Quantas vezes diverti amigos estrangeiros, embora falasse a sério, exaltando essa esdrúxula teoria como um diferencial da arte brasileira. Como se pode ser tão bobo tanto tempo?

Fim da moral que mata by André Petry


Fim da moral que mata

"Eleitores do Colorado votaram proposta
que previa incluir na Constituição estadual
que um óvulo fertilizado equivalia a uma
pessoa: 73,3% rejeitaram a idéia"

Uma grande notícia ficou escondida debaixo da vitória de Barack Obama – é o começo do fim da moral que mata.

Obama prometeu em campanha, e reafirmou depois da eleição, que vai revogar as restrições impostas por Bush às pesquisas com células-tronco embrionárias, nas quais repousam as melhores esperanças de alívio e até de cura de doenças como diabetes, Alz-heimer e Parkinson. Bush proibiu o uso de dinheiro público para financiar essas pesquisas sob o argumento de que, ao destruir embriões, elas matam seres humanos. Bush é da opinião que óvulo e gente se equivalem.

Nos Estados Unidos, quem melhor representa essa corrente são os radicais da direita cristã. Eles defendem o absolutismo moral, religião infecciosa segundo a qual a moral não comporta exceção. Se eles são contra o aborto, o serão em qualquer situação, mesmo no caso da menina de 13 anos que engravida ao ser estuprada pelo próprio pai. O absolutismo moral é o que leva, como no caso das pesquisas com embriões, à defesa da moral que mata. Mata portadores de doenças incuráveis e fatais. Mata gente para preservar óvulo. Eles chamam essa obtusidade de firmeza.

A eleição de Obama é um sinal de que as coisas podem mudar. Os eleitores do estado do Colorado, além de escolher o presidente, votaram a Proposição 48, que previa incluir na Constituição estadual que um óvulo fertilizado é igual a uma pessoa – o que implicaria enormes restrições ao aborto e às pesquisas com embriões. Resultado: 73,3% rejeitaram a idéia. No estado de Michigan, a Proposição 2 removia restrições às pesquisas com células-tronco de embriões. A proposta passou por 52,6% contra 47,4%, placar mais apertado que a aprovação do uso medicinal da maconha (62,6% a 37,4%).

Conversei por telefone com Amy Comstock Rick. Ela comanda a Parkinson’s Action Net-work, entidade que representa os portadores da doença nos EUA (são 1 milhão; 60 000 novos casos são diagnosticados por ano) e, nessa condição, foi escolhida para presidir a Coalition for the Advancement of Medical Research, guarda-chuva de uma centena de órgãos que defendem o avanço da pesquisa e da tecnologia na medicina. Amy Rick está otimista com os novos tempos. Sobretudo com a saída de Bush.

"A oposição mais forte às pesquisas com células-tronco embrionárias", diz ela, "não vem do governo Bush, vem da pessoa do presidente. Bush é pessoalmente contra." Estaria Bush representando a maioria dos americanos? "Não. Três quartos dos americanos apóiam as pesquisas com embriões."

A normalização da pesquisa nos EUA, meca do dinheiro, do estudo e da tecnologia, será uma grande notícia para todos os cidadãos do mundo, doentes e sadios, incluindo os absolutistas morais que lutam para barrar a ciência e, um dia, vão se beneficiar dos seus avanços. Dos avanços, como se diria no vernáculo deles, da imoralidade que salva.

Tuesday, November 04, 2008

A Sagrada Família by JOÃO PEREIRA COUTINHO


A Sagrada Família
Já tudo foi dito e escrito sobre o último livro de Reinaldo Azevedo, "O País dos Petralhas" (Record, 337 págs.). Uma feroz e divertida denúncia da política brasileira e do "establishment" petista atualmente em cena? Sem dúvida.

Mas existe uma passagem do livro que não é para rir. É para ler, meditar, talvez chorar. Acontece a propósito de nada: Reinaldo Azevedo prepara-se para sair de férias e, em momento de trégua, partilha com os leitores do blog a memória feliz de um livro aparentemente menor, "A Morte de um Apicultor", do sueco Lars Gustafsson.

Quem leu Gustafsson? Curiosamente, eu li. E perguntei-me, durante anos, se seria a única criatura do mundo a lembrar com ternura desse livro imensamente melancólico e belo. É a história de um velho, condenado por doença mortal, que vai anotando, em vários cadernos, os pensamentos, as rotinas e até as dores físicas de uma vida a caminho do fim. "Recomeçamos. Não nos rendemos", escreve o velho, vezes sem conta. E, com essa frase, termina a sua odisséia, momentos antes de a ambulância vir buscá-lo.

Reinaldo Azevedo evoca "A Morte de um Apicultor" para dizer o que de mais profundo alguém pode dizer sobre a função de uma democracia civilizada: ela existe, precisamente, para que possamos tratar das nossas vidas banais. Para que possamos ser como o velho apicultor do livro: simplesmente interessados nas nossas rotinas, nas nossas famílias, nas nossas memórias privadas. E conclui o colunista: o que é imperdoável na política brasileira não é apenas a corrupção, a boçalidade e a ignorância dos próceres. O que é imperdoável é a existência de uma elite política moralmente miserável que impede esse espaço pessoal e intransmissível onde podemos ser "senhores das nossas lendas" e alheios ao ruído do mundo. No Brasil, tudo é ruído. E no resto do mundo?

No resto do mundo, talvez não. A tese pertence a Luc Ferry e ninguém diria que Luc Ferry e Reinaldo Azevedo dariam um bom par. Mas as aparências enganam. Em "Famílias, Amo Vocês", um breve ensaio publicado no Brasil pela Objetiva, Luc Ferry retoma a observação pessoal de Reinaldo e elabora uma questão filosófica fundamental: nos tempos que passam, seremos capazes de nos sacrificar por algo ou por alguém? Ao olharmos para o brilhante século 20 e para o longo cortejo de matanças em que a centúria foi pródiga, encontramos milhões de seres humanos que marcharam e mataram em nome de puras abstrações. A Nação. O Partido. O Progresso. A Raça. O Império. O baile terminou em chamas e, hoje, no meio das cinzas, alguns zelotes ideologicamente nostálgicos lamentam o "recolhimento individualista" das nossas sociedades "burguesas" e clamam pelo inevitável, e tantas vezes sanguinário, regresso da "imaginação ao poder".

A resposta de Luc Ferry é a oposta: devemos festejar o recuo das grandes causas; e devemos, sobretudo, celebrar as pequenas. Devemos celebrar os nossos familiares, os nossos amigos. A nossa tribo. O nosso "pequeno pelotão", como dizia Burke no século 18. São eles as causas por que vale a pena lutar. São eles que constituem o princípio e o fim das nossas "transcendências".

Nas palavras do filósofo francês, houve uma "divinização do humano" ou, se preferirem, uma "transcendência na imanência" que leva o Homem ocidental a apenas "sair de si mesmo" para participar no destino daqueles que lhe estão mais próximos. As nossas utopias são pessoais, não coletivas; e esse recuo é prova da nossa maturidade política e de uma certa decência moral.

Ao longo da história, as famílias sempre estiveram ao serviço da política e foram, por vezes, estilhaçadas por ela? É hora de virar o disco: uma sociedade política civilizada deve servir as famílias; deve permitir que estas possam cultivar as suas virtudes sem a intervenção e os constantes abusos do Estado.

E o Brasil será essa sociedade política civilizada no dia em que o ruído do mundo der lugar ao silêncio dos lares. No dia em que for possível, como escreve Reinaldo Azevedo, ter uma alma, cultivar intimidades, guardar as pequenas coisas ridículas, sem que a República conspire com suas sujidades e violências. Será esse o dia em que o famoso dilema de Camus deixará de fazer sentido: a justiça ou a minha mãe?
Obviamente, a mãe.

Porque, como diria um velho apicultor sueco, nós nunca nos rendemos perante o que nos é sagrado. Recomeçamos. *